24.8.07

A Bíblia dos tempos modernos



Rendo-me! Não há como escapar-lhe e cada dia em que me recusava a aceitar considero agora como um dia perdido. Arcade Fire é uma banda diferente. Tanto pela qualidade e sobriedade como aborda as questões intrínsecas à sua música (religião, paz, fantasia, o Haiti - raízes ancestrais da vocalista e multi-instrumentalista Régine Chassagne, vida fora das grandes cidades, etc) como pela sonoridade (promoveram uma pequena revolução no rock: mantiveram a sonoridade alternativa própria de uma banda indie, adicionando-lhe toda uma parafernália de instrumentos mais comuns noutros géneros, como órgãos de igreja, violinos, xilofones, acordeões, entre outros, nunca descurando a guitarra .

Neon Bible, o segundo e mais recente disco desta banda canadiana, pode ser descrito, nas palavras do vocalista Win Butler, como "like standing by the ocean at night" - qualquer coisa como estar à beira do oceano, à noite. Concordo: sentimos todo um poder emanado das letras - não propriamente muito "escuras", mas sempre com um tom sóbrio - e dos efeitos adicionados às músicas - no início de várias músicas sentimos que se forma um grande tempestade para lá das falésias, onde o céu é escuro, baixo e pesado.

No fundo, é um disco que serve, como o seu antecessor Funeral, para extirpar a dor. E quando músicas são feitas assim mas com o intuito de verdadeiramente transmitir uma mensagem de esperança em dias melhores, só podem ter qualidade.

23.8.07

Nocturnos

Devo dizer que estou apaixonado. Desde de há algum tempo para cá que invejo quem tem a capacidade de, no piano, explanar tudo quanto alguns compositores acharam que a noite significava. Em particular, Chopin.

Tudo começou, há uns anos, quando num dos concertos da Fundação Gulbenkian, mais precisamente no de 29 de Abril de 2002, no encore o maestro Riccardo Muti sacou da cartola um coelho e a orquestra tocou um nocturno. Devo confessar, com inquestionável vergonha, que desconheço absolutamente o compositor de tal obra. Era um nocturno para orquestra e por isso não era, obviamente, de Chopin (que apenas os escreveu para piano); seria talvez de Mendelssohn. Apaixonei-me ali mesmo.

Recentemente, abracei novamente os nocturnos, mas em especial, as obras de Chopin (Opus 9, 15, 27, 32, 37, 48, 62 e 72 - esta última publicada postumamente). A suavidade com que sentimos o ritmo cardíaco baixar ao som do piano, a facilidade com que imaginamos a noite escura lá fora, entrechocada pelas árvores num fim de outono, com as folhas pelo chão e o vento que traz consigo notícias de frio, a beleza de uma composição que nos faz sonhar com sonhos, são alguns dos aspectos que me fazem gostar tanto deste tipo de composição.

Fica então a sugestão; fica também divulgada mais uma das coisas pela qual a vida deve ser apreciada.

18.8.07

Futebol

Gosto de futebol. Gosto de jogar futebol, gosto de ver jogar futebol, gosto de comentar futebol, gosto de treinar equipas de futebol. Gosto sobretudo de compreender as subtilezas das jogadas intrínsecas de cada jogador e treinador: os movimentos, os tempos, as técnicas, como que numa grande composição própria para ser tocada por uma orquestra.

Tenho um clube que é o Sporting Clube de Portugal. Considero-me simpatizante de outros clubes, por esse Portugal e Europa fora, mas é sem dúvida o Sporting que me faz vibrar e sonhar com o fim de semana seguinte para ir ao Estádio.

Escreverei ocasionalmente sobre futebol (não necessariamente sobre o Sporting) como escreverei sobre outras coisas, mas hoje vou só dizer o seguinte: ontem jogámos muito bem contra a Académica de Coimbra (4-1) para a primeira jornada da Bwin Liga e para segundo jogo da época (depois da vitória na Supertaça), penso que apresentámos rotinas físicas, técnicas e tácticas apreciáveis. Não me vou alongar sobre cada jogador nem sobre a equipa (não quando há outro que o faz tão bem); este decreto serve apenas e só para reportar uma das minhas preferências.

17.8.07

O início do Principado

Começa aqui, às 20h23 de 17 de Agosto de 2007 o meu Principado.

Será um prolongamento no espaço e tempo das descrições e sensações; discutir-se-á música, cultura, estudos, desabafos, a vida em geral... sempre em busca de casa.

Fica então decretado; que assim seja.

O Príncipe