23.11.08

[Ventos de Nordeste] Neve



De há uns dias para cá, tem vindo a nevar. Primeiro timidamente, ao chegarmos a Harustie depois da festa onde nos finalmente deram os overalls, onde a praça estava coberta por uma fina camada branca que se quebrava alegremente debaixo dos sapatos.

Em Helsinki também já me nevou em cima e ontem, ao irmos de autocarro para Kallio, o Bairro Alto aqui do sítio, as estradas e as árvores cheias de neve alegraram ainda mais o caminho.

Hoje, acordei e saí do meu quarto e, ao olhar pela janela que dá para a praça, um autêntico nevão enche o mundo de branco.

Já começou...

18.11.08

[Ventos de Nordeste] Céu



A leste, o nascer do sol que esborratava a pintura azul celeste em tons laranja vivo, em fogo. A oeste, um arco-íris preenchia a abóbada de nuvens que pontificava sobre a baía que separa Rastila de Puotila. A caminho do metro, hoje de manhã, o céu ofereceu-me dois espectáculos tão diferentes quanto belos.

De manhã aproveitei as quatro horas e meia que tenho entre aulas para visitar as catedrais de Helsinki. Atravesssei a cidade a pé, perante o vento que me empurrava para os lados e puxava para trás, a chuva ligeira que me enchia as pestanas de pequenas gotas e o frio que não venceu, pois hoje levei calças polares por debaixo dos jeans.

Visitei três catedrais afectas ao Cristianismo: a Catedral Branca, pertencente à Igreja Luterana da Finlândia, a Catedral de Uspensky, a maior catedral ortodoxa do Ocidente e que está sob a alçada da Igreja Ortodoxa Oriental, e a de São João, também luterana mas englobada na paróquia de São João do Sul da Suécia. Não passei por nenhuma católica, porque as minhas pernas não me levaram até uma, mas já sei onde posso encontrar uma, e um domingo destes hei-de ir à missa, coisa que, infelizmente, não faço desde antes de vir para cá.

Agora que escrevo estas linhas, o céu decidiu desabar e limpar o dia das suas amarguras e tristezas, purificar as suas alegrias e vitórias e, quem sabe, acabar de maneira perfeita este dia em que senti particularmente Deus comigo.

17.11.08

[Ventos de Nordeste] MSE


Prelúdio

As razões, várias. Porque podia, porque queria, porque devia. Todas as condicionantes conjugaram-se perfeitamente para que pudesse partir à descoberta e conquista da Europa, onde conheceria e reencontraria amigos, onde ri, voei, sonhei, vivi.

Depois de ter trabalhado bem para o group assignment de IB (até aqui, num post mais de um mês depois, sou perseguido por esta cadeira), de ter assegurado financiamento (comer menos, comer menos bem, sair menos, enfim, tudo menos) e autorização materno-paternal e encorajamento dos irmãos e tios e de ter planeado todos os detalhes, desde a partida do centro de Stockholm até ao aeroporto de Arlanda, desde os comboios na Holanda e ao hostel em Amsterdam, só me restava partir.

Mas para tudo isto, teria que haver um motivo. E a força que me impulsionou foi tão somente o desejo de viver a experiência Erasmus ao máximo, seja ao arriscar, ao viajar sem motivo aparente senão o de aproveitar a presença em terras longínquas de casa e conhecer mais umas cidades, mais uns países ou o simples pretexto de visitar amigos.

E a 6 de Outubro de 2008, uma segunda feira, fiz-me à aventura.

16.11.08

[ventos de Nordeste] Escuridão e luz



'Empiezo a estrañar Portugal' - mais do que somente confissão a ouvintes da língua espanhola e a mim mesmo; é também agora, reconheço, a todos quantos me lêem.

Mas o tema musical não é inocente; com mais horas de escuridão que luz por dia aqui por terras finlandesas, o tempo começa a escassear. A ideia geral é de que temos que aproveitar tanto quanto podemos e por isso mesmo as horas de luz e de escuridão confudir-se-ão daqui por diante, na esperança de que tudo seja vivido, experimentado, dito, escutado, visto, sentido, partilhado.

Não que não esteja a gostar, porque estou. Mas há uma dualidade inerente às saudades que nascem; sejam elas por sinceramente querer voltar a tudo quanto vivi durante 20 anos ou por querer permanecer onde vivi e sobrevivi a alguns episódios marcantes e que nunca irei esquecer, por mais que viva.

Só posso desejar que o quer que aconteça, não deixe de me deixar marcas, sejam elas para mais tarde partilhar ou mais tarde recordar.

13.11.08

[Ventos de Nordeste] Um regresso, entre tantos, e a mesma estória

Brandi Carlile - The Story

Mais uma história para contar, mais uma estória de regressos. E a mim, quando regresso, parece que as estórias são sempre mais que muitas, mais que suficientes para não saber por onde começar a contá-las.

Mas há uma sempre presente; uma que se repete sempre. De todas as vezes que regressei, fosse do Cottage Weekend, de Stockholm e Amsterdam, Tallinn, Lapónia, Rússia, há sempre algo que é o denominador comum.

É o quarto que não ficou arrumado, fruto de ter feito a mala à pressa na noite anterior. É a comida que não tenho porque comi-a toda para que não se estragasse. É a quantidade de mails a que tenho que responder e as notícias que ficaram por ler. São os posts que fico a dever e o tempo a escassear por terras finlandesas. São as memórias que perdurarão e os risos solitários no metro ou autocarro a ir e vir da faculdade. São as palavras escrevinhadas furiosamente na moleskine e as saudades da família, das terras lusas, das almoçaradas de fim de semana e a camisa aberta a três botões no Verão que principiam a romper o peito do Príncipe.

É o prazer do regresso, é o prazer de mais histórias e estórias para contar e cativar os pais, os avós, os irmãos, os amigos, os tios, os primos, os sobrinhos, os filhos, os netos, quem quiser ouvir.

É o prazer de saber que por onde quer que vagueie, há sempre um quarto desarrumado à minha espera.

3.11.08

[Ventos de Nordeste] Rússia



Depois de uma viagem ao Norte da Finlândia, aí está a viagem ao maior país do mundo. Parto amanhã para São Petersburgo e Moscovo, onde ficarei até Domingo.

Considerações para posts posteriores, embora saiba que estou em dívida de outras ocasiões. Mas os posts virão, as aventuras serão relatadas e as fotografias reveladas.

Mas por enquanto tenho andado ocupadíssimo a fazer um paper (outro? Ou será ainda o mesmo? Já nem sei...) e com o stress da mochila para esta viagem. E uma enxaqueca no Domingo, a primeira desde que vim para a Finlândia. Bem, um dia haveria de ter uma...

Pelo meio, hoje uma sauna (a primeira em Harustie, o Bronx transformado em Queluz ou Odivelas, vá) para poder encarar a noitada que me espera.

Até ao meu regresso à Finlândia, moi moi ou hej då!