09/10: Nijmegen -> Amsterdam (percurso de comboio inverso ao do dia anterior, chegada a Amsterdam Centraal)
Coldplay – Amsterdam
Acordo com a nítida sensação de desconforto e frio e demasiada luz no quarto e demoro até perceber que já não estou numa cama confortável em Stockholm – a melhor cama onde havia dormido até aí desde que saí de Lisboa – mas sim num colchão num quarto de um estudante Erasmus, longe de casa. Agora percebo como se sentem os amigos dos meus amigos que os vão visitar a Helsinki. Eu e o Óscar arranjamo-nos e vamos até ao mesmo centro de lojecas onde tinha estado na noite anterior para comermos qualquer coisa à laia de almoço. Vamos de bicicleta: ele a pedalar, eu no suporte para carga atrás, à pendura – algo ilegal na Holanda, mas bastante comum. Assim que chegamos, ele tranca a bicicleta com 2 cadeados e fica incrédulo quando lhe conto que em Helsinki ninguém – ou quase – ninguém tranca as bicicletas. Andamos pelos corredores a escolher pão e coisas para o encher e desta vez quem fica espantado sou eu, perante os preços ridículos comparados com os da Finlândia. Dá vontade de perguntar porque é que não é tudo assim em todo o lado... Almoçamos num parque e voltamos para casa para pegar nas mochilas e encontrarmo-nos com os outros. Perante os atrasos de uns e outros, metade do grupo foi andando de autocarro para a estação de comboios.
Todos reunidos de novo, compramos os bilhetes para Amsterdam Centraal enquanto que o Óscar compra para Schiphol pois vai apanhar um voo para Budapest ter com o irmão que está lá a fazer Erasmus também. Viagem tranquila sem muito para fazer senão matar tempo com estórias de aqui e ali, de países longínquos e próximos, de tempos passados e futuros.
Fazemos então as primeiras explorações pelo China District e pelo Red Light District que estão a duas ruas de distância do hostel. Somos rodeados de turistas e holandeses, velhos e novos, línguas conhecidas e desconhecidas, expressões familiares e pensamentos deixados para trás. Estamos numa cidade do mundo, numa rua onde provavelmente há mais nacionalidades diferentes que casas. Satisfeito por já ter chegado, envio mensagens para a família a reportar chegada segura e tranquila. Perante os estômagos que se remexem, decidimos procurar um sítio para jantarmos.
Decidimo-nos por um restaurante italiano baratucho cuja comida sabe a ouro. Animados por cima das pizzas e dos orégãos espalhados um pouco pela mesa toda, qual reminiscência de Tallinn, salta uma frase lapidar: “comer quando se tem fome é uma das melhores sensações do mundo!”. De barriga reconfortada e de espíritos elevados, saímos novamente para as ruas onde a noite, já instalada, reina entre as esquinas e as vielas, onde já pairam nuvens de fumo e música de bares e coffeeshops saem para as ruas, numa mescla de sons, cores, luz e escuridão e pessoas de todo o mundo. Tento lembrar-me de onde já vi isto, ou pelo menos, tanta animação e volto a lembrar-me de Atenas, onde há tanta gente nas ruas durante a noite como durante o dia.
10/10: Amsterdam
Coldplay – The Hardest Part
Saímos do hostel para ir tomar o pequeno-almoço / almoço ao McDonald’s, o melhor amigo dos viajantes com pouco dinheiro. Há quem diga que esses restaurantes são iguais em todo o lado mas este... especial. Pombos esvoaçavam alegremente lá dentro, as filas eram tudo menos filas (mais um aglomerado de pessoas para ver quem conseguia chegar à frente primeiro) e o serviço não era lá grande coisa. Não consigo deixar de pensar que a ASAE iria gostar bastante de dar lá um saltinho...
Já alimentados, decidimos dar uma volta pelos canais e aproveitar o sol que vai aparecendo por entre as nuvens, criando uma luz estranha para as fotografias e dando uma sensação de calor agradável.
Descemos então a Damrak até à Dam, a praça central de Amsterdam onde fica situado o Palácio Real. Mais umas voltas e ficamos a conhecer pelos nomes as ruas principais e secundárias, habituando-nos a ver os canais e as pontes e a saber onde estamos em relação ao nosso hostel e aos pontos de referência. Com tantos museus e sítios para visitar, decido fazer o Amsterdam Card que me dá acesso a todos os museus culturais de Amsterdam enquanto eles decidem fazer o iamsterdam, que lhes dá acesso às “atracções”, como o Madame Tussaud’s e outros.
De cartões em punho, eu e a Maria João decidimos ir à Rembrandthuis, casa-museu de Rembrandt. Fascino-me com a tecnologia usada pelo pintor ao fazer primeiro esboços em placas de metal para depois imprimi-las num processo químico. A casa tinha sido restaurada para recriar o ambiente vivido pelo pintor e a sua família e os seus aprendizes e as camas-armário onde dormiam as pessoas intrigaram-me: se bem que os holandeses são, hoje em dia, dos povos mais altos, na altura (c.1650) não eram mas mesmo assim aquelas pequenas camas dentro de armários fazem-me pensar em como as pessoas tinham que dormir todas dobradas. Já a pensar nas dores de joelhos com que ficaria, seguimos para investigar o resto da exposição e os artefactos que o mestre da pintura holandesa foi recolhendo ao longo da sua vida: esculturas, livros, pergaminhos e fósseis de todo o mundo e culturas.
Nessa noite encontramo-nos com um amigo de Nijmegen que conhece um sítio bom para se jantar. Apanhamos um tram até à Leidseplein onde saímos para irmos jantar umas spare ribs por €12,50 ao Pancake Corner, um sports bar que tem mais de 100 televisões a mostrar vários desportos ao mesmo tempo. Comemos até não podermos mais e seguimos para o que a noite nos tem para oferecer.