31.12.07

Balanço

Chegando 2007 ao fim, podemos fazer o balanço musical destes últimos 12 meses.

Depois de em 2006 terem sido lançados grandes discos como First Impressions Of Earth dos The Strokes, Saturday Night Wrist dos deftones, The Hello dos Warren Suicide Carnavas dos Silversun Pickups, Black Holes and Revelations dos Muse ou ainda Sam's Town dos The Killers, estava gerada muita expectativa em torno de 2007. E essa expectativa não saiu gorada.

Desde o Rock até à música electrónica, praticamente todos os géneros musicais foram agraciados com excelentes trabalhos de músicos cada vez mais proeminentes. Faço então uma lista de todos os trabalhos essenciais (para mim) deste ano, sem ordem específica.


LCD SoundSytem - Sound Of Silver


(electronica, dance)

Melhores músicas: Someone Great; All My Friends; Sound Of Silver

Espectacular trabalho de James Murphy que regressa em grande estilo, depois do disco de estreia homónimo. Ao combinar de forma bastante agradável (e surpreendente) guitarras com sintetizadores, Sound Of Silver cria todo um Universo de sensações e estímulos aos nossos sentidos. Um dos melhores discos alguma vez produzidos do seu género; este é daqueles que entrarão para a História, sem dúvida alguma.

Arcade Fire - Neon Bible

(alternativa, indie rock)

Melhores músicas: Black Mirror; The Well And The Lighthouse; Neon Bible

Já havia referido este disco, e não é por acaso. Neon Bible transporta-nos para um mundo novo onde nos sentimos pequenos com a magnitude da sua beleza. Sentimos que todas as notas são tocadas especificamente para nos fazerem sentir algo, e provavelmente é verdade. Uma grande obra por parte de um dos melhores grupos de compositores dos últimos anos.

Queens Of The Stone Age - Era Vulgaris

(hard rock, indie rock, desert rock)

Melhores músicas: Sick, Sick, Sick; Suture Up Your Future; River In The Road

Sem dúvida alguma, a surpresa do ano. Por duas razões: primeiro, porque sendo esta a minha banda preferida, não estava mesmo nada à espera que lançassem um disco este ano. Segundo, porque é dos melhores discos deles. Os últimos cowboys do rock (como lhes chamam) regressam triunfalmente com um trabalho em que pretendem relatar a mediocridade da era em que vivemos. Conseguem-no admiravelmente, sobretudo em faixas como Sick, Sick, Sick, I'm Designer e 3's & 7's. Este disco não vem alterar muito o rock que se faz por esse mundo de guitarras e casacos de cabedal fora mas vem recordar porque olhamos para eles com admiração. Por outro lado, este disco apanha todas as fases da sua carreira. Temos desert rock ao estilo do disco de estreia homónimo em River In The Road e Misfit Love; indie e rock acelerado como no Rated R em Suture Up Your Future e Batery Acid; rock puro e duro como em Songs For The Deaf (um dos melhores discos de sempre, a sua 'magnum opus' e um dos meus preferidos) em Sick, Sick, Sick e 3's & 7's e temos o rock melódico e alternativo de Lullabies To Parazyle bem presente em músicas como Into The Hollow e Make It Wit Chu. Por todas estas razões, afirmo sem rodeios que estamos perante um daqueles discos que, embora não alterem o seu género, ficam gravados na memória das pessoas como um dos grandes, porque o é.

Justice - †

(electroclash, electro house, dance)

Melhores músicas: todo ele

Há uma razão para eu não especificar quais as melhores músicas deste disco. Simplesmente, porque não as há. Fantástico disco de estreia por parte deste duo francês, que segue as pisadas de outro. Estarão finalmente encontrados os sucessores dos senhores robóticos? Não que isso interesse muito, porque aconselho (obrigo, mesmo) a largar tudo o que se tem nas mãos e ouvir imediatamente este álbum. Façam o download, comprem-no, não interessa. O que interessa é que o ouçam. Mesmo.

Bloc Party - A Weekend In The City


(punk, indie rock)

Melhores músicas: Waiting For The 7.18; The Prayer; Hunting For Witches

Incluo-o porque estou indeciso, e em caso de dúvida gosto sempre de incluir e não excluir. As razões que ditam a minha indecisão são simples: depois de Silent Alarm que veio mostrar ao mundo que de Inglaterra vem melhor música que muita feita nos Estados Unidos, esperava-se mais. Esperavam-se depressões instantâneas ao som de Like Eating Glass, curadas logo de seguida com as guitarradas e batidas rápidas de Helicopter, ataques psicadélicos como os de She's Hearing Voices e Banquet, baladas como This Modern Love e Blue Light. Quer dizer, não se esperava um disco igual ao anterior, bem entendido. Mas esperava-se algo com a MESMA qualidade. A Weekend In The City não a tem, sejamos honestos. Mas tem alguma, e por isso, e por respeito também à banda de Essex, tenho que o referir. Por outro lado, depois de os ver tocar ao vivo por duas vezes este ano, no Coliseu dos Recreios e no Super Bock Super Rock, há alguma obrigatoriedade de os referir. Estão referidos; agora quer-se é que o próximo álbum seja melhor. Cá o esperaremos.

Clap Your Hands Say Yeah! - Some Loud Thunder

(alternativa, indie rock)

Melhores músicas: Goodbye To The Mother & Cover; Satan Said Dance; Some Loud Thunder

Para quem conhece a história destes rapazes, que enviavam por correio os seus próprios discos antes de ganharem alguma notoriedade, parece estranho que assim se passasse. Esta banda da Costa Leste dos Estados Unidos tem qualidade, muita mesmo. O seu regresso com Some Loud Thunder, depois de um disco de estreia homónimo, vem conquistar o seu espaço próprio no universo da música alternativa. Mesmo com a 'concorrência' de Neon Bible, este trabalho aguenta-se com bravura e firmeza: uma interessante abordagem com sonoridades muito próprias. Desde a batida electrizante que nos faz dançar de Satan Said Dance às guitarras ásperas em Some Loud Thunder (a música), passando pela canção de amor em Emily Jean Stock para a mulher do vocalista à melancolia de Goodbye To The Mother & Cover, este é um daqueles que não engana. Não é propriamente um disco alegre; mas um bom disco para ouvir quando se está com a cabeça cheia e se quer descansar.

Klaxons - Myths Of The Near Future

(new rave, indie, dance punk)

Melhores músicas: It's Not Over Yet; Isle Of Her; Gravity's Rainbow

Bem, o que dizer destes britânicos? O seu toque de irreverência (e impertinência) ao criarem uma sonoridade que tanto se pode dançar como propicia o início de mosh em concerto veio dar um pontapé nos paradigmas que tínhamos. Uma banda na sua estreia tinha sempre uns bons singles, uma ou duas músicas que ficariam como hinos da sua carreira; uma boa banda criava músicas que toda uma geração se lembraria daqui a largos anos numa qualquer festa em que passassem. E depois há os Klaxons. Uma estreia fantástica e que nos faz esperar por mais. Só para terem uma noção do quanto representa este disco, digo apenas que ganhou o prestigiado Mercury Prize, um prémio para o melhor disco britânico do ano, batendo concorrentes como Arctic Monkeys e Amy Winehouse.

LCD SoundSytem - 45:33


Bom, tecnicamente não devia incluir este disco aqui. Primeiro, porque não é de 2007; foi re-editado em 2007, depois de originalmente ter chegado ao público via download na iStore em 2006. Incluo-o por duas razões: primeiro porque é um bom disco. Segundo, porque me chegou às mãos em 2007, após a sua re-edição. James Murphy criou com 45:33, para além de uma música que dura (curiosamente) 45 minutos e 58 segundos (sendo 45:33 a duração do disco Alive 1997 dos Daft Punk; uma pequena homenagem), uma obra ao estilo de E2-E4 (da autoria de Manuel Göttsching), um disco que alterou a percepção da música electrónica, lançado no ano precoce de 1984. Uma obra pioneira para elogiar outra obra pioneira e de referência. De escutar com atenção as primeiras seis faixas que compõem a própria música 45:33 que inclui as samples usadas mais tarde em Someone Great e ainda Hippie Priest Bum-Out, uma interessante incursão pelos meandros do trance. Está ainda presente um mix (Onastic Dub Remix) da North American Scum, versão que foi incluída no CD desse mesmo single e que a tranforma completamente. E na minha opinião, traz-lhe grande valor acrescentado.

Queria ainda referir Sawdust dos The Killers. Um disco com b-sides de Sam's Town, raridades e algumas músicas novas (como a fantástica Tranquilize, que conta com a participação do histórico Lou Reed). Embora não um grande disco, um disco engraçado que vale a pena escutar com atenção.

Findo esta lista com um mea culpa: sei que não falei de Favourite Worst Nightmare dos Arctic Monkeys nem falei de Whatever People Say I Am, That's What I'm Not dos discos de referência de 2006. Isto acontece porque simplesmente nunca ouvi esses discos. Eu sei que parece uma falha grave (e sei que é) mas não o fiz (ainda) porque gosto de conhecer poucas bandas novas por ano. E este ano descobri muita coisa nova. Ficará para o ano.

Quero também referir aquele que, para mim, foi o grande momento musical do ano:



LCD SoundSystem - Yeah (Crass Version) tocada ao vivo no Festival Super Bock Super Rock dia 4 de Julho de 2007. Um orgasmo sensorial; penso que isto chega para descrever a loucura que se instalou no Parque do Tejo nessa noite.

Os grandes concertos a que assisti este ano:

LCD SoundSystem no SBSR em Julho;
Bloc Party no Coliseu dos Recreios em Maio e no SBSR em Julho;
The Gift na Queima das Fitas de Coimbra em Maio;
The Magic Numbers no SBSR em Julho (apesar de não ter estado com muita atenção);
Klaxons no SBSR em Julho e
The Jesus & Mary Chain no SBSR em Julho;
Os grandes concertos que não assisti (e que me lembrarei desta falha durante largos e amargos anos):

Arcade Fire no SBSR em Julho: tinha bilhete (passe de 4 dias) e até estava lá. Tinha acabado de assistir ao concerto dos Bloc Party e a minha boleia ia-se embora. Claro que tinha lá mais amigos mas todos os seus carros estavam cheios e não havia lugar para mim. Como ainda não conhecia Arcade Fire, pensei que não valia a pena da chatice de ter que voltar para casa de maneira desconhecida e por isso fui-me embora. Uma decisão que me arrependi quase imediatamente.

Clap Your Hands Say Yeah! no SBSR em Julho: para minha defesa, para além de ainda não os conhecer, actuaram a meio da tarde no dia de LCD SoundSystem numa altura em que, estando de férias, obviamente acordava a horas impróprias. Tenho pena, mas é uma daquelas coisas.

Arctic Monkeys (penso que em Julho) no Coliseu dos Recreios: mais uma banda que, por não os conhecer, não fui ver o seu concerto. E para adicionar à injúria, tinha um bilhete gratuito e muitos amigos meus foram ver esse concerto e tiveram a amabilidade de me dizer logo que perdi o grande concerto do ano. Enquanto agradeço a sua honestidade e candura, devo referir que o grande concerto do ano foi, sem dúvida, LCD no SBSR. Mas não interessa, foi mais um grande concerto que não vi. Por esta altura já devia ter a lição aprendida, mas não. Claro que não me lembro porque razão não fui ver, mas lembro-me perfeitamente (e persegue-me) que não era uma razão nada de especial. Foi mais uma daquelas coisas. Incorrigível, mas que para o ano se espera melhor atitude pela minha parte perante bandas desconhecidas.

Concluído o balanço deste ano musical, que nos trouxe coisas muito boas, coisas assim assim, coisas más e coisas que podiam (e deviam) ser francamente melhores, penso que podemos olhar com novos olhos (e escutar com novos ouvidos) o que aí vem. Seremos mais exigentes; afinal, este foi um ano de colheitas e qualquer coisa que venha aí tem a responsabilidade acrescida de ser pelo menos tão bom. Eu, pelo menos, sei que estarei mais aberto a novas sonoridades e que este ano há Rock In Rio Lisboa e Super Bock Super Rock. Por eles esperamos.

11.12.07

Razões ou Do Nome dos Príncipes

Há dias perguntaram a razão pela qual eu escolhi este nome para o blog, O Príncipe.

Imediatamente me veio à cabeça a História de Portugal, onde estamos repletos de figuras inspiradoras como D. João II, O Príncipe Perfeito e D. Duarte, O Rei Filósofo ou O Eloquente.

D. Duarte, que teve um curto reinado de 5 anos, fica na História Portuguesa como o filho mais velho de D. João I e que prosseguiu a política expansionista do seu pai para África. Uma das provas disto foi o constante apoio e financiamento ao seu irmão, o Infante D. Henrique, de forma a que Portugal pudesse continuar na senda de conquistas em África, como a de Ceuta em 14 de Agosto de 1415. Como membro da Ínclita Geração (os filhos de D. João I), tinha uma natureza filosófica. Escreveu tratados de assuntos tão díspares, desde política até montar a cavalo e vários livros de poesia. Coligia, na altura da sua morte, uma revisão do Código Civil de Portugal.

Creio que a melhor descrição deste Rei será a de Fernando Pessoa, na Primeira Parte da Mensagem, Brasão, III. As Quinas:

Primeira / D. Duarte, Rei de Portugal

Meu dever fez-me, como Deus ao mundo.
A regra de ser Rei almou meu ser,
Em dia e letra escrupuloso e fundo.
Firme em minha tristeza, tal vivi.

Cumpri contra o Destino o meu dever.
Inutilmente? Não, porque o cumpri.

Fernando Pessoa, das pessoas mais fascinantes que certamente já viveu, descreve assim como ele julga ter sido a personalidade de D. Duarte: um homem estóico, que se interessava certamente mais por outros assuntos que propriamente governar o Reino; mas, uma vez investido dessa responsabilidade, tomou o manto do Poder sobre os seus ombros e conduziu sabiamente os destinos do País. Morreu novo, da Peste, como os seus pais, mas certamente de consciência tranquila pelo seu dever ter sido cumprido. Note-se a homenagem que Fernando Pessoa lhe presta ao dizer que D. Duarte se manteve firme na tristeza de ser Rei, mas que o fez porque a isso estava fadado por Deus; o próprio Fernando Pessoa em que dentro de si lutavam diferentes personalidades e que certamente sofreria por isso.

D. João II ficou conhecido como o Príncipe Perfeito pela forma como governou: justamente, sempre procurando dar poder ao Povo, retirando-o das mãos da Nobreza. Relançou as políticas de conquistas em África como tinha feito o seu avô D. Duarte e tio-avô o Infante D. Henrique, criando condições para que Portugal se pudesse transformar num dos mais ricos países europeus da época. Revitalizou a economia, concentrou o Poder em si, patrocinou as viagens de espiões para África e Índia e manteve sempre no pensamento a ideia de que existiria um continente no Ocidente. Estas políticas, para além de trazerem um enorme sucesso a Portugal em séculos vindouros pois que se verificaram bem sucedidas, que lhe deram o cognome de Princípe Perfeito são talvez o espelho mais fiel de um príncipe perfeito na acepção de Maquiavel.

Mais uma vez, Fernando Pessoa faz uma descrição fantástica deste Rei em A Mensagem, ainda na Primeira Parte, agora no capítulo V. O Timbre:

Uma Asa do Grifo / D. João o Segundo

Braços cruzados, fita além do mar.
Parece em promontório uma alta serra--
O limite da terra a dominar
O mar que possa haver além da terra.

Seu formidavel vulto solitário
Enche de estar presente o mar e o céu
E parece temer o mundo vário
Que ele abra os braços e lhe rasgue o véu.

Depois destas figuras, vem, então, O Príncipe. Obra de Maquiavel, O Príncipe é um tratado político sobre que tipos de Principados (regimes) existiam na altura (c. 1510) e da forma como tomar o Poder neles e mantê-lo. Descreve ainda que tipos de Príncipes (governantes e formas de governo) e as políticas que estes podem prosseguir para evitar que os seus súbditos se virem contra si.

É uma obra fantástica que ainda hoje é aplicável. Li-a há uns anos e releio-a agora, de forma a condensar conhecimentos. Existe uma versão anotada por Napoleão Bonaparte que possuo e que mostra-nos como influenciou a visão do Imperador Francês e os seus planos para a conquista da Europa. Recomendo-a a todos os que querem e precisam de uma fonte segura de conselhos sobre liderança, estratégia política e governação.

Perante todas estas influências que tenho, quer como património histórico quer como cultural, julgo que esteja explicada a razão pela qual me chamo O Príncipe.

É pela aspiração a ser melhor, a superar-me, a instigar o conhecimento e o crescimento, a liderar e a saber o que é esperado de mim que reconheço que para mim está destinado o manto do Poder e que a seu tempo será a minha vez de o usar. Quando isso acontecer, espero estar à altura dos meus ilustres antepassados e saber tomar o Poder da mesma forma que eles o fizeram: atento e de forma estóica para evitar a corrupção, mas ao mesmo tempo com justiça e sapiência.

3.12.07

O fim do Medo, o início da Esperança

Rejeitaram, sabiamente, os Venezuelanos, em referendo, a proposta de Chávez para a reforma constitucional daquele país sul-americano, que contemplava o fim dos limites aos mandatos presidenciais (que permitiria a Chávez eternizar-se no Poder), a redução da idade de voto de 18 para 16 (uma irresponsabilidade total; se uma pessoa com 16 não tem a maturidade para muitas coisas, porque há de a ter para votar?), entre outras coisas.

Sem estar a tergiversar acerca das cores políticas de cada um e, neste caso, sobre o Presidente venezuelano, a vitória do Não é um raio de Esperança a Democracia naquele país, onde se calam repórteres e televisões inteiras impunemente perante o silêncio da comunidade internacional. Parece que o petróleo da Venezuela continua a ser muito importante.

Se o resto do mundo se cala perante o que se passa na Venezuela, não o fizeram os homens e mulheres que saíram às ruas para festejar, sem medo, a vitória da Liberdade e da Democracia sobre a ignomínia, a repressão e o autoritarismo.

Foi bonito ver, antes do referendo, as multidões concentradas em Caracas no comício de encerramento do Movimento de apoio ao Não, liderada por estudantes e repórteres. Como diz este senhor, estas pessoas são as que estão na vanguarda da Liberdade e Democracia.

Tal como em Portugal, dia 25 de Abril de 1974, tal como na Venezuela, dia 2 de Dezembro de 2007. Pena que haja pessoas e partidos que neguem as evidências.

Mudando de tópico, mas continuando na política:

Um amigo meu criou um blog que servirá de observatório às Presidenciais dos EUA de 2008. Numa fase inicial, "observará" as primárias de ambos os Partidos (Republicano e Democrata). Este observatório, da JS, trará um lugar de debate e de reflexão; é demagogia dizer que estas eleições não nos afectam e importam directamente, tal como é demagogia fazer inferências acerca da mentalidade dos Americanos nos seus sentidos de voto partindo das preferências e tendências europeias e do resto do mundo.

Tentarei participar regularmente no debate que ali se fará, ao mesmo tempo que pugnarei pela imparcialidade.

Sei que não tenho escrito aqui nada; o último post já foi há quase um mês. A verdade é que tenho tido testes e trabalhos e outros compromissos que não tenho tempo para quase nada. Mas prometo que a partir de agora vou ser mais regular.

6.11.07

O Rescaldo


A África do Sul voltou a erguer o Troféu Webb Ellis, desta vez em França, 12 anos depois de o ter feito em "casa". Venceu a melhor e mais regular equipa de todas as 20 presentes naquele que é considerado desde já o melhor torneio de sempre.

Depois dos quartos-de-final que trouxeram surpresas e que por acaso não trouxeram mais, das meias-finais aguerridas, chegámos a uma final que pecou pelo excesso do pontapé na bola. Apesar disso, os Springboks mostraram que sabem jogar em qualquer tipo de jogo: seja ele de avançados, como contra as Fiji nos quartos, com o uso da pressão dos três quartos como contra a Argentina nas meias e com a bola mais pelo ar que pela mão na final contra a Inglaterra.

Os Boks destronaram os campeões do mundo de 2003 no seu tipo de jogo e fizeram-no admiravelmente. Por isso venceram e com inteira justiça. Uma palavra também para a recuperação fenomenal da Inglaterra desde o jogo contra os sul-africanos na Pool. Embora demasiado tarde, os rapazes da Cruz de São Jorge portaram-se como verdadeiros leões no jogo contra a Austrália e contra a França mas já não havia pernas para mais no jogo decisivo. E vendo jogadores como Robinson, Dallaglio e outros a abandonarem pensamos se a Inglaterra alguma vez poderá lutar pelo ceptro novamente: a resposta é sim. Jovens como Tait, Sackey, Hipkiss dão-nos esperança de tal. A ver vamos.

Ficam aqui os 30 melhores deste Campeonato. Algumas escolhas podem parecer estranhas, mas vi muitos jogos e penso que estes jogadores são os que mais se destacaram.

1. Andrew Sheridan (ENG)
2. John Smit (c) (RSA)
3. CJ Van der Linde (RSA)
4. Bakkies Botha (RSA)
5. Victor Matfield (RSA)
6. Jerry Collins (NZL)
7. Juan Smith (RSA)
8. Nick Easter (ENG)
9. Fourie du Preez (RSA)
10. Juan Martín Hernández (ARG)
11. Bryan Habana (RSA)
12. Felipe Contepomi (ARG)
13. Francois Steyn (RSA)
14. Jason Robinson (ENG)
15. Percy Montgomery (RSA)

16. Os du Randt (RSA)
17. Mark Regan (ENG)
18. Simon Shaw (ENG)
19. Schalk Burger (RSA)
20. Agustín Pichot (ARG)
21. Seru Rabeni (FJI)
22. Paul Sackey (ENG)

23. Rui Cordeiro (POR)
24. Phil Vickery (ENG)
25. Sébastien Chabal (FRA)
26. Finau Maka (TGA)
27. Nicky Little (FJI)
28. Mathew Tait (ENG)
29. Takudzwa Ngwenya (USA)
30. Ignacio Corleto (ARG)

Ficam aqui também aqueles que para mim foram dos melhores jogos:

1. Gales 34 - Fiji 38

Disputava-se o segundo lugar da Pool B e quem ganhasse seguia em frente para os quartos-de-final. Num ritmo frenético, os fijianos chegaram ao intervalo a vencer por 25-10. Mas um cartão amarelo a um dos seus avançados mesmo no fim da 1ª parte permitiu aos galeses entrarem com tudo na 2ª e virarem o jogo. Os homens do Pacífico Sul conseguiram voltar à liderança do jogo com muito esforço mas, quando nos últimos minutos o centro galês Shane Williams quebrou a linha da defesa fijiana e marcou um ensaio, tudo parecia resolvido para os homens do hemisfério norte. Mas seriam os do hemisfério sul a festejar, quando o pilar das Fiji Dewes marcou o ensaio decisivo após jogada de insistência do temível pack do Pacífico Sul.

2. Inglaterra 0 - África do Sul 36

Os ingleses tinham que verdadeiramente jogar como campeões do mundo, depois de uma vitória nada convincente frente aos Estados Unidos e depois de um torneio das 6 Nações para esquecer. Mas seriam os africanos a fazê-lo: entraram com tudo, dominaram as touches, os breakdowns, os ressaltos e as bolas corridas. Chegaram facilmente aos ensaios e aos pontos, depois foi gerir a vantagem. Percebia-se que os ingleses ainda tinham muito trabalho (mas jogaram sem Jonny Wilkinson) e que os sul-africanos, que tinham ficado em 3º lugar no Tri-Nations, eram mesmo favoritos à vitória final.

3. Canadá 12 - Japão 12

Depois das tareias com a Austrália e Gales e de uma derrota que venderam caro às Fiji, os japoneses partiram para este jogo sem nada a perder e tudo a ganhar: se perdessem, era mais uma derrota. Se conseguissem ganhar ou mesmo empatar, acabariam com uma série de 12 jogos no mundial sem vencer. A pressão estava no lado dos canadianos que venceram sempre um jogo nos mundiais em que participaram. Uma partida entre dois "minnows" que não desiludiram. Jogo muito táctico mas interessante: equilibrado, com domínio a pender para os canadianos. A perder por 12-5, a 3 minutos do final, os japoneses lançaram-se sobre a linha de ensaio dos homens da folha de ácer como haviam feito no Pacífico Sul uns 60 anos antes sobre os vizinhos do sul do Canadá. E resultou. Aos 92 minutos, os japoneses atravessaram a linha de ensaio para lá da linha de 15 metros, quase nos 5. Com o jogo mesmo a terminar, e com a responsabilidade dos pontos do empate na sua bota, o centro Onishi, numa das melhores conversões do Mundial, restabelece o empate e a justiça no marcador. Épico.

4. Nova Zelândia 18 - França 20

Fora de casa, fora do lugar de favoritos, fora de hipóteses. Os franceses estavam encostados à parede e os grandes favoritos, os All Blacks, pareciam a caminho das meias finais. Mas os Bleus, nestas situações, inspiram-se e trazem de dentro de si o melhor rugby que se vê por esses relvados fora. A perder por 18-13 a 10 minutos do fim, Michalak, recém-entrado, faz uma corrida de 40 metros (com um toque para a frente pelo meio) e entrega a Jauzion que marca o ensaio que restabelece o empate. Elissalde, com toda a calma do mundo, bate a conversão e a França passa para a frente. Aí, e já sem os seus grandes avançados, os neo-zelandeses atiraram tudo quanto tinham sobre os franceses, incluíndo uma jogada com 23 fases (!) dentro da linha de 22 metros francesa. Mas os Bleus, que fizeram frente à haka destemidos e a formarem a bandeira francesa, aguentaram o forte e, acima de tudo, mantiveram vivo o sonho de levantar a taça, finalmente.

5. França 10 - Argentina 34

O jogo que ninguém queria disputar. De orgulho ferido, as equipas subiram ao relvado sabendo que seria o último que os respectivos treinadores as orientariam. Bernard Laporte seguirá a carreira política e Marcello Lofreda embarcará para Inglaterra, onde irá treinar os Leicester Tigers. Os franceses pareciam estar a dominar a partida, com muita posse de bola no meio campo argentino, mas os sul-americanos, com uma defesa de ferro, repeliram as investidas dos Bleus. E no contra-ataque provaram que as cobras não dormem. Da primeira vez que entraram com posse de bola nos 22 metros franceses, Felipe Contepomi marcou um ensaio que se encarregou de converter. E quando os franceses ainda pensavam no que lhes tinha acontecido, eis que os Pumas entram novamente nos 22 e Hernández tenta o pontapé de ressalto. A bola bate no poste para alívio momentâneo dos gauleses pois acabou por ressaltar para Roncero que em cima da linha de ensaio é placado mas consegue deixar a bola em Hasan Jalil que mergulha e aumenta a vantagem. A partir daí, vimos os franceses a tentarem salvar a honra do convento, mas os argentinos provaram que são, de facto, uma das melhores equipas do mundo: muralha de ferro nos 5 metros, ataques rápidos e letais, handling perfeito, corridas e jogadas de três quartos como não se viram neste mundial (e noutros) e o resultado só podia ser um: os homens da América do Sul, a quem ninguém dava muito crédito, acabaram por dançar o Tango da celebração em pleno Stade de France.

Queria referir ainda o África 37 - Fiji 20, o Irlanda 14 - Geórgia 10, o Roménia 14 - Portugal 10, o Austrália 10 - Inglaterra 12, o Samoa 15 - Tonga 19 e o Geórgia 30 - Namíbia 0. Excelentes jogos, sobretudo aqueles em que os "minnows" estavam envolvidos. Paixão, garra, honra, glória; alguns adjectivos e epítetos que podem ser atribuídos aos homens que vão para lá porque querem elevar o nome dos respectivos países ao mais alto nível. Uma inspiração para todos aqueles que seguiram de perto o Mundial. E é por isso que quando se fala em reduzir de 20 para 16 equipas o Mundial de 2011 devemos todos dizer: "NÃO!".

Até 2011, na Nova Zelândia!

18.10.07

Acordar

Adoro acordar a meio da manhã depois de uma boa e longa noite de sono. Quando posso, claro.

Se acordo a meio da manhã tendo já faltado a aulas ou a qualquer coisa importante, não tem o mesmo sabor.

Gosto de acordar a meio da manhã porque ouço o movimento das pessoas nas ruas, os carros, o sino da igreja a marcar as horas. Gosto de preguiçar mais uns minutos na cama, de fazer planos para esse dia, ver o sol iluminar fracamente o meu quarto por entre as persianas, regatear com o despertador até chegar à hora certa para me levantar enquanto lá fora as pessoas tratam da sua vida e fazem a economia movimentar-se.

Hoje acordei por volta das 11h00 a mais do que tempo para a minha única aula de hoje, Direito para a Economia e Gestão. Fiz a barba, tomei banho, almocei e fui para Faculdade.

Foi bom ter acordado àquela hora, sobretudo depois de um dia particularmente longo, que acabou com um treino de rugby da equipa de Sevens da minha Faculdade e uma reunião dos Campinácios no meu antigo colégio.

Foi bom porque hoje tenho mais um dia longo. Mas isso já assunto para uma próxima vez.

13.10.07

O Congresso

Realizou-se, nos dias 11 e 12 de Outubro, o 2º Congresso Nacional dos Economistas, organizado pela Ordem dos Economistas, no Centro de Congressos de Lisboa.

Fui lá, como convidado da Ordem, depois de me ter inscrito para tal na conferência da Semana dos Novos Economistas, que já tinha referido aqui.

Foi bastante interessante pois ouvi diferentes opiniões sobre o estado da economia pela voz de antigos ministros, actuais ministros, o próprio Governador do Banco de Portugal, o Presidente da República e outros eminentes economistas. Discutiu-se também o papel que o Processo de Bolonha terá na formação dos economistas e gestores de amanhã; uma questão que como podem imaginar, me preocupa.

Falou-se do papel que a Ordem terá que tomar nos anos vindouros, se poderá reformular-se e criar um sistema de creditações de competências de profissionais ligados à área da economia e que tipo de intervenção pode ter na sociedade civil. Bastante interessante, esta palestra pelo Prof. Manuel Brandão Alves.

Foi também muito importante a nível de networking, uma das minhas novas palavras preferidas, e também para ser visto. Nestas ocasiões, um jovem entre muitos homens de negócios e economistas e gestores conhecidos destaca-se um bocado, nem que seja pelo facto de lá estar. E também para ver, ouvir, ler, perceber e aprender uma data de coisas novas.

P.S. : Eu sei que não tenho escrito muito aqui, mas tenho andado ocupadíssimo. Comecei a trabalhar no Coliseu dos Recreios de Lisboa, já tenho testes e trabalhos para apresentar. Não está fácil, mas isso eu já sabia que não ia ser. Quando puder, vou aqui dizendo qualquer coisa.

28.9.07

Desníveis

Eu contra dois. Eu contra seis ou sete. Eu contra treze ou quatorze (ou catorze?). Eu contra trinta ou quarenta. E ninguém, NINGUÉM, teve a coragem de me fazer frente quando eu lhes perguntei quem eram.

Acho ridículo as pessoas andarem trajadas em Lisboa. Isso é lá para Coimbra, Porto, Santarém, Vila Real, Covilhã, mas não a capital.

E é por isso que enfrento quem quer que sejam, quantos mais forem, quais forem (mesmo que se não identifiquem).

O acto de levantar a cabeça contra vários ganha o respeito dos observadores e o temor dos antagonistas.

A reter.

27.9.07

Curiosidades

Sabiam que as enfermeiras, no tempo do Estado Novo, não podiam casar? Ou que médicos não podiam casar com farmacêuticas? E que, no Brasil, as hospedeiras se chamam "aeromoças" (Ok, esta devem saber se viram o anúncio da Caixa com o Scolari)?

Porque é que nos livros e nas séries e filmes, os fotógrafos ou são sempre tipos com aspecto aventureiro, barba rala de três dias, lenço ao pescoço e camisa beige à Indiana Jones ou então são tipos gordos de suspensórios? Já repararam que na ficção nunca há um fotógrafo completamente mediano, que não se sobressaia da multidão?

Ainda ontem estava numa conferência, na minha faculdade, da Semana dos Novos Economistas (ciclo de conferências organizado pela Ordem dos Economistas) e o fotógrafo que estava a cobrir o evento era, de facto, um tipo gordo de suspensórios. Engraçado.

Também ontem fui ao aeroporto receber os Lobos. Tirei algumas fotos com eles (que oportunamente estarão disponíveis no álbum de fotografias do Mundial) e, confrontado com os seus agradecimentos por ter ido lá recebê-los, repliquei que eu é que lhes agradeço a sua raça, dignidade e vontade de levar o nome de Portugal mais longe.

Porque isso é bem mais do que qualquer pessoa tirada da multidão que critica os nossos jogadores arbitrariamente já fez por Portugal.

Hmm, deixou de ser um post de curiosidades para passar a ser um post político. Enfim.

Por outro lado, o sangue do meu sangue lembrou-se de um dos meus ditos preferidos (a modos que um dos meus lemas): "Homem prevenido vale por mil e quinhentos". Está aqui.

Obrigações profissionais e pessoais têem-me impedido de escrever aqui, mas isso será alterado durante esta semana.

Até lá.

14.9.07

Na vila mais antiga de Portugal

Vou passar este fim-de-semana em Ponte de Lima para ir às Feiras Novas, a tradicional festa do concelho.

Não há muito mais a acrescentar, excepto que depois farei um post pormenorizado, com fotos e tudo. Ah!, e o "dossier" Campeonato do Mundo de Rugby continua a ser actualizado - bem, agora nestes dias não, mas adicionei as Pools e respectivas classificações. É um começo.

Noutros aspectos, e continuando com os posts futuros, quando tiver tempo farei um relatório da viagem que fiz à Grécia entre Agosto e Setembro, também com imagens.

Bem hajam.

11.9.07

O Campeonato do Mundo



Começou dia 7 o Campeonato do Mundo de Rugby na França. Conta com 20 nações do mundo inteiro sendo que apenas uma delas é totalmente composta por praticantes da modalidade amadores: a Selecção Portuguesa, vulgo, Os Lobos.

No primeiro jogo, a Argentina bateu a França (nação organizadora e uma das favoritas à conquista do Troféu Webb Ellis) por 17-12, causando a primeira surpresa do torneio. Outros jogos seguiram-se; a Austrália destruiu o Japão por 91-3, a África do Sul venceu Samoa (59-7) num confronto entre dois dos packs avançados mais pesados do Campeonato sendo que foi um ponta dos Springboks, Bryan Habana, ao marcar 4 ensaios e tomando a dianteira na tabela de marcadores a grande figura do jogo (apesar de não ter sido considerado o melhor jogador em campo); a super favorita Nova Zelândia confirmou o seu favoritismo ao arrasar as linhas italianas por uns expressivos 76-14 (os All Blacks são o nº 1 do ranking mundial, enquanto que a Itália é a nona melhor selecção do mundo actualmente - Portugal é a 22ª).

As nações do Reino Unido venceram todas os seus jogos com mais ou menos dificuldade, apesar de defrontarem equipas bem mais fracas: a campeã em título Inglaterra bateu os seus "filhos" dos Estados Unidos por 28-10, numa exibição profissional e eficaz, a Irlanda desfez-se facilmente da Namíbia por claros 32-17 e Gales sofreu para vencer o Canadá por 42-17 (o resultado é enganador). A Escócia venceu os amadores portugueses por 56-10 num jogo que fica marcado, para além da estreia de Portugal na alta roda mundial do Rugby, pelo primeiro ensaio marcado pelos Lobos. O autor foi Pedro Carvalho, ponta fechado de Portugal e a festa foi intensa, mesmo nas bancadas onde para além dos milhares de portugueses, entusiastas da modalidade vibraram com este feito.



A Selecção Nacional, que bramiu o hino como nunca ninguém o tinha visto (em baixo, no fim do post) teve ainda a honra de ter nas suas fileiras o homem do jogo: o Capitão Vasco Uva, nº 8 de posição, que, num rasgo de humildade, disse que o prémio era para toda a equipa e que ele apenas tinha tido tal consideração pois era o Capitão.

Perdemos, sim, mas ganhámos a enorme batalha que foi chegar ao Mundial e começa a ser divulgada a modalidade em Portugal, o que é sem dúvida o mais importante.

Depois de tanta acção na primeira ronda, a segunda começou hoje e os Pumas (Selecção Argentina) venceram com facilidade os Georgianos por 33-3. Continuam a espalhar bom rugby, os únicos Sul-Americanos presentes na Fase Final.

Esta segunda ronda promete: teremos um duelo de campeões entre os vencedores em título e os de 1991 num escaldante Inglaterra - África do Sul no Pool A. Os Springboks, embalados pelo bom começo, tentarão vencer a equipa da Rosa Vermelha que não teve uma preparação brilhante para o Mundial. Temos também um Austrália - Gales: os poderosos Wallabies querem conquistar o seu terceiro título e Gales vem de bons resultados e são a oitava equipa a nível mundial. Será um interessante duelo entre a técnica do hemisfério sul contra o poderio físico dos galeses que são das equipas fisicamente mais imponentes do hemisfério norte. Mas sem dúvida, todas as nossas atenções devem estar viradas para isto:

Os All Blacks vão efectuar a Haka, dança tradicional dos Maori, perante os Lobos. Será, sem dúvida, o momento alto da participação portuguesa no Mundial (excepto se ganharmos algum jogo, o que não é de todo impossível).

Tomaz Morais, seleccionador nacional, já disse que perder por menos de 100 é vitória. A ver vamos. Eu, pessoalmente, creio que pontuar será uma vitória e se conseguirmos evitar que eles batam o recorde (142-0) dos mundiais, então sim, poderemos falar em grande vitória. Mas fico muito satisfeito se os Lobos derem o seu melhor, que sei que vão dar.

Noutras notas, um grupo de portugueses decidiu apoiar os Lobos de uma maneira especial. Auto-intitulam-se Lobos Maus Comás Cobras e viajaram numa "pão-de-forma" chamada Teresinha da Conceição (!!) até França onde irão assistir aos jogos dos Lobos. Já apareceram no jornal A Bola e puseram online uns quantos trailers do filme que planeiam fazer, documentando toda esta experiência; por cá esperamos. Adicionei também, no painel ao lado, um separador dedicado exclusivamente ao Mundial de Rugby. Terá links, resultados importantes e notícias avulsas.

Posto tudo isto, apenas me resta partilhar convosco um momento arrepiante:



FORÇA LOBOS!

24.8.07

A Bíblia dos tempos modernos



Rendo-me! Não há como escapar-lhe e cada dia em que me recusava a aceitar considero agora como um dia perdido. Arcade Fire é uma banda diferente. Tanto pela qualidade e sobriedade como aborda as questões intrínsecas à sua música (religião, paz, fantasia, o Haiti - raízes ancestrais da vocalista e multi-instrumentalista Régine Chassagne, vida fora das grandes cidades, etc) como pela sonoridade (promoveram uma pequena revolução no rock: mantiveram a sonoridade alternativa própria de uma banda indie, adicionando-lhe toda uma parafernália de instrumentos mais comuns noutros géneros, como órgãos de igreja, violinos, xilofones, acordeões, entre outros, nunca descurando a guitarra .

Neon Bible, o segundo e mais recente disco desta banda canadiana, pode ser descrito, nas palavras do vocalista Win Butler, como "like standing by the ocean at night" - qualquer coisa como estar à beira do oceano, à noite. Concordo: sentimos todo um poder emanado das letras - não propriamente muito "escuras", mas sempre com um tom sóbrio - e dos efeitos adicionados às músicas - no início de várias músicas sentimos que se forma um grande tempestade para lá das falésias, onde o céu é escuro, baixo e pesado.

No fundo, é um disco que serve, como o seu antecessor Funeral, para extirpar a dor. E quando músicas são feitas assim mas com o intuito de verdadeiramente transmitir uma mensagem de esperança em dias melhores, só podem ter qualidade.

23.8.07

Nocturnos

Devo dizer que estou apaixonado. Desde de há algum tempo para cá que invejo quem tem a capacidade de, no piano, explanar tudo quanto alguns compositores acharam que a noite significava. Em particular, Chopin.

Tudo começou, há uns anos, quando num dos concertos da Fundação Gulbenkian, mais precisamente no de 29 de Abril de 2002, no encore o maestro Riccardo Muti sacou da cartola um coelho e a orquestra tocou um nocturno. Devo confessar, com inquestionável vergonha, que desconheço absolutamente o compositor de tal obra. Era um nocturno para orquestra e por isso não era, obviamente, de Chopin (que apenas os escreveu para piano); seria talvez de Mendelssohn. Apaixonei-me ali mesmo.

Recentemente, abracei novamente os nocturnos, mas em especial, as obras de Chopin (Opus 9, 15, 27, 32, 37, 48, 62 e 72 - esta última publicada postumamente). A suavidade com que sentimos o ritmo cardíaco baixar ao som do piano, a facilidade com que imaginamos a noite escura lá fora, entrechocada pelas árvores num fim de outono, com as folhas pelo chão e o vento que traz consigo notícias de frio, a beleza de uma composição que nos faz sonhar com sonhos, são alguns dos aspectos que me fazem gostar tanto deste tipo de composição.

Fica então a sugestão; fica também divulgada mais uma das coisas pela qual a vida deve ser apreciada.

18.8.07

Futebol

Gosto de futebol. Gosto de jogar futebol, gosto de ver jogar futebol, gosto de comentar futebol, gosto de treinar equipas de futebol. Gosto sobretudo de compreender as subtilezas das jogadas intrínsecas de cada jogador e treinador: os movimentos, os tempos, as técnicas, como que numa grande composição própria para ser tocada por uma orquestra.

Tenho um clube que é o Sporting Clube de Portugal. Considero-me simpatizante de outros clubes, por esse Portugal e Europa fora, mas é sem dúvida o Sporting que me faz vibrar e sonhar com o fim de semana seguinte para ir ao Estádio.

Escreverei ocasionalmente sobre futebol (não necessariamente sobre o Sporting) como escreverei sobre outras coisas, mas hoje vou só dizer o seguinte: ontem jogámos muito bem contra a Académica de Coimbra (4-1) para a primeira jornada da Bwin Liga e para segundo jogo da época (depois da vitória na Supertaça), penso que apresentámos rotinas físicas, técnicas e tácticas apreciáveis. Não me vou alongar sobre cada jogador nem sobre a equipa (não quando há outro que o faz tão bem); este decreto serve apenas e só para reportar uma das minhas preferências.

17.8.07

O início do Principado

Começa aqui, às 20h23 de 17 de Agosto de 2007 o meu Principado.

Será um prolongamento no espaço e tempo das descrições e sensações; discutir-se-á música, cultura, estudos, desabafos, a vida em geral... sempre em busca de casa.

Fica então decretado; que assim seja.

O Príncipe