29.10.08

[Ventos de Nordeste] Nada mais interessa



Depois de saber que tive 46 em 50 no Mellantentamen (exame intermédio) de Sueco, 47 em 50 no exame final de International Business (acabando com 83,5%, ou seja, 16,7, arredondando para 17), depois de ter visitado a vila do Pai Natal e atravessado o Círculo Polar Árctico, nada disso interessa depois de uma sauna (que já não ia desde que parti para a MSE) revigorante a seguir a ter recebido ainda melhores notícias.

Nada mais interessa.

28.10.08

[Ventos de Nordeste] Visitas e Lapónia


Depois de mostrar Helsinki à mãe e às tias em 2 dias (que pequena que é!) e de visitarmos Tallinn noutro dia (ainda mais pequena...), chega a altura de saltar até Rovaniemi, na Lapónia. Três dias lá e outro de volta a Helsinki e vão-se embora as minhas primeiras visitas (e quem sabe as últimas...).

Sei que não tenho escrito nada aqui mas assim que acabaram os exames (o de International Business correu agradavelmente bem, apesar de ter durado 3 horas!) ainda não parei um dia que fosse (excepto o dia em que tive febre...). Assim que voltar da Lapónia, vou ter que escrever um term paper, ou pelo menos uma versão preliminar, em 4 dias e depois vou à Rússia: Moscovo e São Petersburgo - queriam fazer-me pagar 90€ pelo visto. Perguntei se afinal não eram 45€ ao que me responderam que para cidadãos mexicanos era 90€. Pois...

Aproveito para deixar a conhecer a Islaja, cantora finlandesa, cujas canções e vídeos são bastante evocativos da beleza cultural e ambiental da Finlândia.

Até quando puder voltar a escrever qualquer coisa...

22.10.08

[Ventos de Nordeste] Exames



Exames, o pânico. Mas sem medo, depois de ter tido o primeiro hoje. Ok, tecnicamente o primeiro foi de Sueco há uma semana, mas é Sueco... não conta.

O de hoje, EOI, correu bem. Agora é estudar o máximo possível para IB, na sexta feira e depois tranquilamente esperar pela chegada das primeiras visitas.

Sem medo, sempre.

19.10.08

[ventos de Nordeste] Adaptação e aprendizagem



Com o tempo, adaptamo-nos a tudo. Adaptamo-nos às temperaturas adversas, aos horários diferentes, aos preços das coisas boas nos supermercados e às coisas menos boas a que já nos adaptámos a comprar e comer todos os dias, a ouvir K e P por tudo o que é palavra na língua finlandesa, a falar Inglês a toda a hora que já começo a pensar e a sonhar nessa língua...

E aprendemos os pequenos truques que nos fazem adaptar mais facilmente. Aprendo que a melhor altura para lavar a roupa é no Domingo à noite, então adapto as minhas rotinas para que calhe todo o ritual de lavar a roupa no fim do fim de semana. Adapto-me aos horários para se fazer o jantar: sou quase sempre o último a cozinhar e a comer. Adapto-me à faculdade fechada ao fim de semana e procuro e encontro cafés para ir estudando. Aprendo a olhar pela janela e perceber se devo levar luvas, cachecol ou ambos. Aprendo a prever quando posso levar o casaco ou quando tenho que levar o impermeável.

Adapto-me à hora em que o sol baixa (cada vez mais cedo) e adapto-me às 8 horas de luz por dia. Aprendo a viver num país em que as pessoas conseguem viver com escuridão, frio e pouco mais no Inverno e adapto-me a ele.

Mais do que aprendo na Hanken ou nas conversas com os amigos, aprendo realmente a saber adaptar-me quando me lembro do que já aprendi aqui sozinho.

15.10.08

[Ventos de Nordeste] Ideias espontâneas e uma reflexão


Ideias rápidas:

1. De regresso a Helsinki, ao frio, à rotina. E aos posts, se bem que agora um bocadinho mais espaçados pois que vem aí a semana dos exames.

2. A Mini Saga Europeia (MSE) que vivi a semana passada terá honras de vários posts, assim que puder escrevê-los.

3. Acho que perdi a minha moleskine... já em Helsinki. No mínimo irónico, até porque tinha lá vários posts quase prontinhos a saltar aqui para o blog. Enfim...

4. Hoje tive um exame de Sueco (correu bem) e uma apresentação e discussão para International Business que também foram impecáveis. Parece que sim, fiquei contente.

A reflexão:

Cheguei a Helsinki sete dias depois de a ter deixado e, apesar de nada ter mudado, parece que tudo mudou. Desde ao Outono que se instalou e às árvores da margem direita quando vou para casa de metro ainda estarem verdes e viçosas por oposição às da margem esquerda que se ruborizam e amarelecem, ao frio que hoje suspeito que me iria congelar as pernas (calças fininhas é no que dá, senhor Goga...) e às pessoas que em 5 dias depois de nos separarmos em Stockholm mudaram tanto. Seja por terem cortado o cabelo, uma barba que foi deixada crescer, um penteado diferente, algo não está igual. Os nossos dias de inocência aqui em Helsinki já foram deixados para trás: vão começar agora os exames e cada um está por si, neste grande grupo. E esta semana marca o meio da minha vida aqui na Finlândia...

5.10.08

[Ventos de Nordeste] 10 anos depois



19h15 de um dia qualquer da semana passada. Pelas janelas do metro vejo a noite cerrada que se abate sobre Helsinki e a chuva que bate contra o vidro. Este início de Outubro na capital finlandesa é em tudo semelhante ao Inverno de Lisboa. Parece que os meses andam um pouco mais rápido aqui, no Nordeste.

Flashback para 1998, quando era um pequeno rapazinho (ok, não que agora seja muito maior) que regressava para casa dos treinos de futebol nas longas tardes de terças e quintas. Já com noite e chuva, às 18h30, lembro-me de apanhar o 1, o 36 ou o 108 para sair ali na Avenida da República e andar uns 3 quarteirões até casa. E que aventura era, para o pequeno Goga, ir desde o Colégio até à paragem dos autocarros, atravessando o Lumiar escuro e perigoso. Assim que entrava no autocarro não me sentia seguro ainda; era preciso ultrapassar a barreira psicológica do Campo Grande para poder respirar um pouco mais à vontade. E assim cresci, tento medo de ser assaltado, que fui, de andar à pancada, que andei, de ter que correr para nada mais de mal acontecer, que corri. Mas ainda bem que por isso passei; afinal, a vida não pode ser vivida totalmente sem emoções fortes! Mas a chuva que bate nas janelas trepidantes dos velhinhos autocarros de Lisboa e a água que escorria das calhas de alumínio no topo dos mesmos já ficaram para trás.

Flashforward para 2008. Entre estes pensamentos, já estou quase a chegar a Rastila e saco da Moleskine para apontar estas ideias que bem podem dar um post. Porque 10 anos se passaram e em 10 anos transformei-me no Goga que não tem medo de nada (excepto de animais com a boca maior que a minha!) e que arrisca. Arrisca em ir a Estocolmo com os restantes alunos de Erasmus da Hanken, arrisca depois em ir sozinho para Amesterdão e dar um salto a Nijmegen e depois voltar sozinho para Helsinki, fazendo escala em Copenhaga apenas uma hora. E arrisca tanto que só vai levar uma mochila às costas com 7 mudas de roupa (para 7 dias, contadinhos, e sem recurso a mais perante possíveis acidentes de percurso) para não ter que despachar nada no porão dos aviões.

E é por isso que devo estar uma semana incomunicável. Mas isso não significa longe de tudo; quando voltar faço um relatório da aventura, com fotos e tudo o mais. Até lá, sempre a arriscar.

4.10.08

[Ventos de Nordeste] Viagens e classe


Kevin Shields - City Girl

23 de Setembro de 2008, 6h da manhã. Acordo e levanto-me imediatamente, sem regatear. Tomo um duche rápido, como um pequeno almoço também rápido (cereais em 2 minutos ao poder!) e saio de casa, não sem antes esperar 2 minutos pelo Romain. Assim que saímos da porta do prédio encontramos o Rodrigo, também pronto a ir. Todos de mochila às costas, poderíamos ir para a Hanken, mas não. Dirigimo-nos para o metro onde esperamos pelas raparigas. Até aqui tudo normal, não fosse o nosso destino desse dia 
Tallinn, capital da Estónia. Entre chegarmos a Kamppi e procurarmos o autocarro que nos leva ao porto de onde saiem os ferries, uma correria e grande confusão. Como o próximo só sai daí a 45 minutos (precisamente a altura em que tínhamos que estar a comprar os bilhetes), vamos a pé até à Central Railway Station onde apanhamos o autocarro 25. Uma vez lá dentro, contamos os minutos para ver se conseguimos estar às 7h45 no porto. Conseguimos! Entramos no terminal e compramos os nossos bilhetes para o ferry da Eckerö Line (15 euros ida e volta, um docinho!) e quase depois de embarcarmos, a viagem começa.

Da esquerda para a direita: Romain, Rodrigo, Goga, Maria (lê-se Maja) da Rússia, Caroline da Bélgica, Cynthia também da Bélgica. Falta a Anabelle, francesa, que está a tirar esta fotografia.

Sem muito para contar da viagem, excepto que estivemos no bar a maior parte das 3 horas (sim, 3 horas para fazer 90 km) e, talvez impulsionados pelo álcool matinal, casais de idosos a dançar ao som da música das bandas que passaram pelo bar. Enfim...


Uma vez chegados às 11h, atacámos de imediato os objectivos mais turísticos: a cidade velha, que é mesmo bonita e diferente de tudo o que já tinha visto (bem-vindo ao Báltico, Goga), as ruas típicas (vazias de pessoas àquela hora) e as Igrejas mais importantes, entre as quais a de St. Olaf, cuja torre mede 124 metros e é omnipresente em toda a cidade. Incidentalmente, sabiam que esta Igreja foi, em tempos, o edifício mais alto do mundo?

A Igreja em si é igual a todas as outras igrejas luteranas: muito austera e com pouca vida. Mas a torre, cuja visita custa 45 Kr. (3 euros), é fantástica. A subida é muito cansativa (escadas em caracol, mal iluminadas e íngremes com largura muito reduzida) mas faz-se bem.


Momento de descanso nos bancos de pedra: a Anabelle é a rapariga loira do fundo.


Eu, no topo da Torre, com Tallinn a espraiar-se atrás de mim.


Rua típica de Tallinn, na cidade velha.


Depois da Torre e de mais algumas coisas, decidimos almoçar na Praça Central, num restaurante italiano (na fotografia). Comemos umas pizzas enormes (cujas fotografias não tenho!) e muito boas. Para pagarmos, tivemos alguns problemas, porque não conseguimos levantar dinheiro nas caixas da Praça Central. Felizmente, pudemos pagar em euros e com cartão, mas mesmo assim houve algumas hesitações: o empregado disse-nos que nos restaurantes a taxa de câmbio era 13,5 Kr. por 1€, ao contrário do que era nas lojas: 15 Kr. por 1€. Enfim, lá pagámos sem demais problemas - a Caroline, que nem uma verdadeira contabilista, deu uma lição de manuseamento da calculadora ao empregado. Depois do repasto, decidimos continuar a visita; afinal, só tínhamos até às 17h. Uma vez que se faz tudo muito bem a pé (é uma cidade relativamente pequena), continuámos a andar pelas ruas, com a Anabelle a fazer de guia e às vezes eu e o Rodrigo a corrigirmos algumas desorientações, de mapa em punho.


As ruas de Tallinn são um misto de ruas mediterrânicas (viradas para o mar) com edifícios coloridos e baixos com influências gregas (calçadas de basalto e flores por todo o lado). São muito bonitas e é uma viagem que aconselho a quem estiver pelo Báltico, Finlândia, Suécia ou Rússia.


Eu, com a Casa de Portugal atrás de mim. Uma lojinha de vinhos, infelizmente fechada àquela hora.


Uma goteira de ferro forjado em forma de bota. Tirei esta fotografia porque, para além de ser uma coisa original, no meu guia (obrigado, avô!) da Lonely Planet está esta fotografia no ângulo inverso. Em Tallinn há imensos ferreiros e o ferro forjado, como em Lisboa, está presente em quase todas as varandas. Depois de almoço e de mais algumas visitas, fizemos algumas compras. Comprei um badge da bandeira da Estónia para o meu overall, traje académico aqui da Finlândia, e procurei casinhas típicas de Tallinn para oferecer à Constança, mas não encontrei nenhumas giras. Fica para a próxima.


Catedral Ortodoxa de Alexander Nevsky, vestígios da ocupação russa do século XIX.

Depois de tantas aventuras e desventuras (incluíndo a busca incessante da fábrica de chocolate pela Anabelle e a Caroline, que a encontraram mesmo!), fomos todos ter ao porto pelas 16h40 a tempo de embarcarmos às 17h. Nova viagem, agora de 3h30, tranquila e sem grande história. Fica aqui uma imagem do pôr do sol sobre o Golfo da Finlândia:



Nesse mesmo dia, vim a saber mais logo que tinha havido um tiroteio numa escola em Kauhajoki, cidade a 400 km a noroeste de Helsinki. O dia seguinte foi de luto nacional, declarado pelo Governo Finlandês. As ruas vestiram-se de bandeiras nacionais a meia-haste e os finlandeses pareciam um pouco mais sombrios do que o habitual.

Daft Punk - One More Time

A maioria dos alunos de Erasmus daqui estão a fazer a cadeira de International Business. O primeiro de 2 papers individuais tinha sido entregue uma semana antes e, na 4ª feira, dia 24, as notas saíram. Durante a lecture, estava à procura (no meu Mac) dos slides para ir acompanhando, quando reparei que no site com os conteúdos da cadeira
 já estava o ficheiro excel com as classificações até à altura. Procurei a minha nota e, sem a dizer a ninguém, perguntei aos meus amigos os seus números para lhes dizer as suas notas. Quando finalmente alguém me perguntou quanto tinha tido, respondi de forma despreocupada: 5 pontos, em 5. E, agora para consumo familiar (e do meu ego), em 135 alunos, só houve dois 5, sendo que o meu foi o único dos alunos Erasmus. Pois é, eu sei, obrigado pelos elogios!

1.10.08

[Ventos de Nordeste] Andar aos papéis (literalmente)



Um paper para International Business na 2ª Feira, duas páginas. Um resumo de outras duas páginas sobre o tema que vou desenvolver para o Term Paper da cadeira de Economics of Organisation and Information que enviei ontem (esperando que o assistente aceite o tema). Escrever 5 páginas para o Group Assignment de IB até 6ª Feira, sendo que ontem fiz a pesquisa toda, ou quase toda, e ficar apreensivo com o facto de apenas ter material para escrever umas 3 páginas.

Ok, talvez consiga puxar para 4 se inventar (o que melhor faço). Hmm, poderão até ser 5, se incluir gráficos e imagens. É que escrever sobre as dificuldades sentidas pela IKEA no processo de internacionalização não é propriamente tema para uma dissertação...

E, após uma lecture bem aborrecida (o tema até era interessante: M&As: post-merger integration) em que quase adormeci mais do que uma vez, com a perspectiva de uma aula de Sueco e depois ter que trabalhar a tarde toda, começo a pensar que se calhar hoje não vai dar. Mas nada como ir à cantina e servir-me de um double expresso em que fiz batota e carreguei outra vez no botão de servir, sendo então que tomei um expresso quádruplo (ok, admito que roubei e só paguei o expresso duplo mas foi por boas razões: um expresso custa €1.30, o mesmo que um expresso duplo, portanto acabei por pagar €0.325 por cada café... preço justo!) para simplesmente manter-me acordado. E está a funcionar. Lidarei com eventuais envenenamentos por cafeína depois...

É caso para se dizer que ando aos papers, literalmente.