19h15 de um dia qualquer da semana passada. Pelas janelas do metro vejo a noite cerrada que se abate sobre Helsinki e a chuva que bate contra o vidro. Este início de Outubro na capital finlandesa é em tudo semelhante ao Inverno de Lisboa. Parece que os meses andam um pouco mais rápido aqui, no Nordeste.
Flashback para 1998, quando era um pequeno rapazinho (ok, não que agora seja muito maior) que regressava para casa dos treinos de futebol nas longas tardes de terças e quintas. Já com noite e chuva, às 18h30, lembro-me de apanhar o 1, o 36 ou o 108 para sair ali na Avenida da República e andar uns 3 quarteirões até casa. E que aventura era, para o pequeno Goga, ir desde o Colégio até à paragem dos autocarros, atravessando o Lumiar escuro e perigoso. Assim que entrava no autocarro não me sentia seguro ainda; era preciso ultrapassar a barreira psicológica do Campo Grande para poder respirar um pouco mais à vontade. E assim cresci, tento medo de ser assaltado, que fui, de andar à pancada, que andei, de ter que correr para nada mais de mal acontecer, que corri. Mas ainda bem que por isso passei; afinal, a vida não pode ser vivida totalmente sem emoções fortes! Mas a chuva que bate nas janelas trepidantes dos velhinhos autocarros de Lisboa e a água que escorria das calhas de alumínio no topo dos mesmos já ficaram para trás.
Flashforward para 2008. Entre estes pensamentos, já estou quase a chegar a Rastila e saco da Moleskine para apontar estas ideias que bem podem dar um post. Porque 10 anos se passaram e em 10 anos transformei-me no Goga que não tem medo de nada (excepto de animais com a boca maior que a minha!) e que arrisca. Arrisca em ir a Estocolmo com os restantes alunos de Erasmus da Hanken, arrisca depois em ir sozinho para Amesterdão e dar um salto a Nijmegen e depois voltar sozinho para Helsinki, fazendo escala em Copenhaga apenas uma hora. E arrisca tanto que só vai levar uma mochila às costas com 7 mudas de roupa (para 7 dias, contadinhos, e sem recurso a mais perante possíveis acidentes de percurso) para não ter que despachar nada no porão dos aviões.
E é por isso que devo estar uma semana incomunicável. Mas isso não significa longe de tudo; quando voltar faço um relatório da aventura, com fotos e tudo o mais. Até lá, sempre a arriscar.
4 comments:
o rei diz ao principe aventura sim mas em segurança. boa viajem e mande notícias
Fiquei muito incomodada com as tardes de susto que o meu pequeno principe passou nos trajectos do colégio para casa... Pensei que medo medo, só tinha tido da vez que foi assaltado no metro. Ainda me lembro de ter ido descompor histericamente o funcionário do metro, porque virou a cara quando viu o meu principezinho ser assaltado, através das camaras de segurança, que só estão para dissuadir e não para gravar "A senhora faz ideia do que custa gravar as imagens todas? Isso é só para ELES pensarem que estão a ser gravados, não é para gravar mesmo... E eu cá não vejo nada, nem tenho que chamar polícia nenhuma, para quê, se eu não vejo nada?!!" Enfim, fico contente por ter ultrapassado esses tempos negros e difíceis sem muitos traumas, ao que parece! Se não, não estaria prestes a embarcar nessa aventura, cujo episódio mais assustador me parece a ligação de apenas uma hora em Copenhaga!
Faço minhas as palavras de sua majestade: atenção aos perigos, prudência e inteligência! E boa viagem! (com g...)E acrescento: DIVIRTA-SE MUITO!
Será que depois de terem falado Suas Majestades reais, esta tia-figurante-princesa pode dizer como está orgulhosa do Goguen??? E orgulhosa com muitos oos e aas.....
Arriscar vale sempre a pena, pequenote :) eheh! * bom voltar a ler-te depois de algum tempo * beijinho
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