23.8.07

Nocturnos

Devo dizer que estou apaixonado. Desde de há algum tempo para cá que invejo quem tem a capacidade de, no piano, explanar tudo quanto alguns compositores acharam que a noite significava. Em particular, Chopin.

Tudo começou, há uns anos, quando num dos concertos da Fundação Gulbenkian, mais precisamente no de 29 de Abril de 2002, no encore o maestro Riccardo Muti sacou da cartola um coelho e a orquestra tocou um nocturno. Devo confessar, com inquestionável vergonha, que desconheço absolutamente o compositor de tal obra. Era um nocturno para orquestra e por isso não era, obviamente, de Chopin (que apenas os escreveu para piano); seria talvez de Mendelssohn. Apaixonei-me ali mesmo.

Recentemente, abracei novamente os nocturnos, mas em especial, as obras de Chopin (Opus 9, 15, 27, 32, 37, 48, 62 e 72 - esta última publicada postumamente). A suavidade com que sentimos o ritmo cardíaco baixar ao som do piano, a facilidade com que imaginamos a noite escura lá fora, entrechocada pelas árvores num fim de outono, com as folhas pelo chão e o vento que traz consigo notícias de frio, a beleza de uma composição que nos faz sonhar com sonhos, são alguns dos aspectos que me fazem gostar tanto deste tipo de composição.

Fica então a sugestão; fica também divulgada mais uma das coisas pela qual a vida deve ser apreciada.

No comments: