26.9.08

[Ventos de Nordeste] Finlândia, um mês depois


Jean Sibelius - Finlandia

Passado um mês que cheguei cá, posso fazer um balanço destes primeiros 31 dias pela terra do Nordeste (ou Norte, para eles).

As coisas más:

1. A distância da minha casa ao centro de Helsinki: todos os dias, demoro pelo menos meia hora a chegar à faculdade. Começa a cansar... Até porque se formos sair à noite, ou voltamos pela uma e meia no último autocarro ou esperamos ao frio pelo primeiro metro.

2. O tempo: apesar desta semana ter estado muito sol e algum calor, não apaga o facto do frio que se insinua a cada dia que passa. Não que não soubesse no que me vinha meter, é só porque é irritante. E eu até gosto de frio...

As coisas boas:

1. O país em si: não há palavras para descrever a beleza que nos invade assim que saímos de Helsinki. Têm que vir cá ver com os vossos próprios olhos.

2. Tudo funciona (ou quase tudo): há sempre soluções para quaisquer problemas, basta ter paciência e confiança. As pessoas confiam todas que os outros vão respeitar a lei, a propriedade e a ordem. E isso acontece.

3. Os amigos: sejam eles estudantes Erasmus ou lá da Hanken, posso dizer que já fiz grandes amigos aqui.

4. A falta de saudades (asfixiantes) da família, dos amigos, de Lisboa, de Portugal... Claro que sinto a falta, mas não ao ponto de ser impeditivo de me divertir.

5. As viagens: está tudo aqui tão perto, que é criminoso não viajar. Tallinn, Estocolmo, São Petersburgo são alguns exemplos, mas na Finlândia e perto de Helsinki temos Porvoo, Tampere, Turku e um bocadinho mais longe Rovaniemi, na Lapónia.

Com mais coisas boas que más (e que as suplantam facilmente), obviamente que faço um balanço positivo da minha estadia cá. Daqui a um mês vamos lá ver se continua assim.

P.S. : A composição para orquestra que seleccionei como música para este post, é a obra Finlandia, Op. 26 (obrigado Nana, por me teres mostrado isto em Sousel - há tanto tempo, já...), de Jean Sibelius, o mais famoso compositor finlandês. Esta peça é considerada por muitos como a música que serviu de combustível para o movimento de resistência finlandesa durante a ocupação russa no Século XIX. Os últimos três minutos são indiscritivelmente belos. Todo este poema sinfónico é inspirador e arrepia. Como a própria Finlândia.

5 comments:

An@ said...

:)
no próximo mês reforças as coisas boas com mais "pormenores" ou coisas ainda mais marcantes. As coisas más não desaparecem mas começam a ser diferentes e, claro, as boas vão, com certeza, compensar tudo!

Parece-me que ainda tens muito para andar, correr, ver, ouvir ... tanta coisa e o tempo vai parecer muito (pouco) para tudo o que por aí tens =)

Fico mesmo contente que estejas bem e a aproveitar! Espero que estejas com o "quentinho por dentro" que sempre te ouvi falar desde que te conheço, é bom saber que essa lareirinha interior te mantém quentinho, ainda que o frio "de fora" possa irritar e incomodar :)

Beijinho mega, goguinha
(gmdti) * pikena

Anonymous said...

Ó meu amigo, tanto que ouviu o Finlandia do Sibelius no carro da mãe, assim como obras do Grieg, compositor norueguês de quem também gosto muito!!! É bonito, não é? Poderoso? Arrebatador?
E se calhar acredita que nunca o ouviu antes!...
Pois é, as coisas só têm interesse quando nos dizem directamente respeito...

Estou cheia de vontade de ir até aí, e cheia de peninha por o meu filho se sentir desmoralizado com as distâncias. Para mim o pior é isso interferir com as saídas à noite, isso é que é inadmíssivel!

Anonymous said...

Hm, o carro da mãe. Disso sim, tenho saudades das viagens durante a noite de Lisboa para o Banzão, meio adormecido no banco da frente, embalado pelas luzes que vêem e vão no IC 19 e pelos compassos de Grieg, Sibelius, Rachmaninoff...

Cá não há disto, e já não ando de carro há mais de um mês. Estranho que não o estranho...

Manu said...

Obviamente que o balanço tem de ser positivo.
Não porque, estando de Erasmus, devesse ser positivo, mas pelo crescimento que se sente todos os dias. Crescimento interior, como adulto auto-suficiente que não consegue levantar dinheiro mas confia que as coisas se resolvam, e exterior, como adolescente num país estrangeiro a fazer amigos e a conhecer lugares e espíritos novos.
Quando as coisas más apertarem, é fechar os olhos e lembrar as coisas boas. E lembrar os amigos e família, que torcem por si e invejam essa liberdade. A liberdade irrepetível, que se vai guardar nos sopros de ar frio.
A partir de agora, sempre que sentir frio vai poder dizer - "nada como o frio de Helsínquia em 2008".

Anonymous said...

É isso mesmo, ver as coisas pelo lado positivo! Essa perspectiva de ver as coisas pelo interesse que elas possam vir a ter em conversas futuras também me agrada!!
Quanto às viagens de e para o Banzão durante a noite: pensava que o Goga ia com os fones nos ouvidos, a ouvir no máximo aquelas músicas alternativas tocadas por bandas de que não sei escrever o nome... hmmm...